Doze Conclusões Chave do Relatório do IPCC

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) prepara relatórios abrangentes acerca do estado de conhecimento científico, técnico e socioeconômico  sobre as mudanças climáticas, seus impactos e riscos futuros, com opções para reduzir o ritmo em que as mudanças climáticas estão acontecendo. O relatório mais recente foi finalizado em 6 de agosto. Isto é o que ele nos disse. 


  1. A atividade humana esquentou o sistema climático. Não há espaço para discussão aqui – isso é um fato inequívoco. Nós já causamos aproximadamente 1ºC de aumento na temperatura desde a Revolução Industrial, possivelmente até tanto quanto 1.2º. 
  1. As escolhas que faremos nesta década determinarão nosso futuro. Se continuarmos como estamos (“business as usual”), o aquecimento é provável de alcançar 1.5ºC entre 2030 e 2052. Contudo, se alcançarmos emissões líquidas nulas até 2055, nós ainda podemos evitar isso (apesar de que uma meta para emissões líquidas nulas mais breve é preferível). Para fazer isso, nós temos que cortar as atuais emissões pela metade até 2030. 
  1. Ao passo que irão piorar com o tempo, as mudanças climáticas não são mais só uma futura ameaça. As mudanças climáticas induzidas pelos seres humanos já estão tendo impactos ao redor do globo. Múltiplas linhas de evidência mostram que mudanças climáticas recentes em larga escala como enchentes e secas piores não têm precedentes, e nós sabemos que eventos climáticos extremos (como os recentes furacões no Atlântico) estão devastando vidas agora! 
  1. O ritmo do aumento do nível do mar e perda de gelo tem acelerado, e vai continuar assim. O Ártico provavelmente estará praticamente sem gelo no mar em setembro pelo menos uma vez até 2050, e o aumento do nível do mar continuará até pelo menos o ano de 2100; mesmo se conseguirmos restringir o aquecimento a 1.5 graus. 
  1. Mesmo assim, limitar o aquecimento a 1.5 graus é essencial a fim de proteger o nosso planeta. Isso irá diminuir pela metade o número de espécies em extinção por conta da crise climática. Também irá proteger até centenas de milhões de pessoas da pobreza relacionada ao clima e prevenir a perda irreversível de todas as barreiras de coral.
  1. As pessoas estão sendo afetadas pela mudança no clima desproporcionalmente. Regiões variadas estão enfrentando combinações diferentes de fatores do impacto climático, incluindo riscos nos setores da energia, comida e água. Apesar de serem o grupo menos responsável pela crise climática, as Pessoas e Áreas Mais Afetadas (MAPA, o que inclui aqueles vivendo no Sul Global e indígenas, negros e pessoas de cor –BIPoC-  vivendo no Norte Global) são as mais severamente impactadas por ela. Elas serão as mais afetadas por múltiplos riscos que se sobrepõem, assim como são as menos capazes de se adaptarem a eles. 
  1. Não podemos descartar “resultados de probabilidade baixa”, que poderiam piorar a situação. O colapso da camada de gelo, mudanças abruptas na circulação oceânica, intensificação dos eventos climáticos extremos e níveis significativamente mais altos de aquecimento ainda fazem parte da avaliação de risco.
  1. Apesar de todos os resultados devastadores, a adaptação às mudanças climáticas ainda é possível, especialmente se limitarmos o aquecimento a 1,5 ºC. A restauração dos ecossistemas, o manejo da biodiversidade, a aquicultura sustentável, o conhecimento local e indígena, as redes de segurança social, a adaptação baseada na comunidade, a infra-estrutura verde, o uso e planejamento sustentável da terra e o manejo sustentável da água podem todos ajudar a sociedade a sobreviver.
  1. As emissões de metano, não apenas de dióxido de carbono, precisam de reduções fortes, rápidas e constantes. Cerca de 35% das emissões de metano, carbono negro e óxido nitroso precisam ser reduzidas até o momento em que atingirmos o net-zero do CO2. Isto tem como cobenefício adicional reduzir a poluição do ar!
  1. Em última análise, precisaremos atingir emissões líquidas negativas para todos os gases de efeito estufa. Isto exigirá a remoção de carbono, o que inclui tanto processos naturais, como o plantio de árvores, quanto novas tecnologias, como a captura direta do ar. Por causa disso, não podemos contar com a remoção de carbono para chegar ao net zero! 
  1. Todos os modelos que nos mostram mantendo o aquecimento abaixo de 1,5 ºC requerem mudanças dramáticas no sistema. A energia renovável deve representar pelo menos 70-85% da eletricidade global, e mudanças sem precedentes e intensas devem ser feitas no uso da terra e na infraestrutura. Só os custos relacionados à energia serão de cerca de 830 bilhões de dólares, mas quanto mais altos são os custos de permitir que o clima mude?
  1. Apesar de tudo isso,  limitar o aquecimento aos 1,5 graus do Acordo de Paris ainda é muito possível. Este relatório não é desculpa para desistir; pelo contrário, é um motivo para agir. Há esperança, mas como Mikaela Laoch, uma ativista climática britânica, explicou no podcast dos Yikes,  

“A esperança é ação, a esperança é um verbo, não é um estado de ser”. É algo que você faz”

Fontes

https://www.greenpeace.org/static/planet4-international-stateless/2021/08/6e4e5e21-greenpeace-briefing_ipcc-wg1-key-takeaways_090821.pdf

https://www.instagram.com/p/CShWIZMlTYf/

https://www.ipcc.ch/2021/06/29/wg1-ar6-release-date-and-approval-session-details/

https://open.spotify.com/show/5rt2DC1hDOsMgW3P2Uxdan?si=c7b7625899ac40e5

Written by:

  • Amy O'Brien

    Climate activist and eco feminist from Ireland

  • Jessi Kitchen

    British-Australian climate and social justice activist

  • Translated by: Luísa Santi

    Climate and social justice activist from Brazil

  • Translated by: Valentina Ruas (she/her)

    Climate activist from Uruguay