Recentes desastres naturais e eventos climáticos extremos

Cada fração de um grau de aquecimento global aumenta a intensidade, frequência e o impacto de desastres naturais e eventos climáticos extremos. Com 1,1 grau Celsius de aquecimento desde o período pré-industrial, é claro que a crise climática está aqui! Somente no último ano, partes do mundo estavam tentando sobreviver a secas e incêndios, enquanto outras áreas do globo estavam sendo devastadas por enchentes.

As pessoas e áreas mais afetadas (MAPA) são as que mais sofrem com essas conseqüências e, no entanto, os bancos sujos continuam a investir na indústria de combustíveis fósseis que alimenta a crise climática (veja como você pode exigir que o assassino do clima, o Standard Chartered Bank, se desfaça dos combustíveis fósseis: https://fridaysforfuture.org/cleanupstandardchartered/), as empresas estão se engajando cada vez mais em fazer greenwasing e nossos governos são complacentes diante desta crise! O sistema do qual vivemos com lucros, agrava a divisão que piora o impacto desses eventos climáticos extremos sobre as comunidades exploradas. Neste artigo, esboçamos alguns dos impactos que a crise climática está tendo hoje e como você pode agir em favor das pessoas e do planeta!

Ciclone Yaas
  • No final de julho de 2021, houve inundações e incêndios no Curdistão. Destruiu casas e celeiros e também matou muitos animais. Na Índia, o super ciclone Tauktae tirou pelo menos 91 vidas, danificou milhares de casas, barcos e infraestrutura estatal em Kerala, Karnataka, Goa, Maharashtra e Gujarat. Outro ciclone que ocorreu na Índia foi o ciclone Yaas, que causou 20 mortes e afetou Assam, Meghalaya e Sikkim. Junto com estes, houve incêndios florestais na Turquia, Itália e Grécia. A Turquia também testemunhou algumas enchentes, assim como a Europa Central. 

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Ciclone mediterrâneo que atingiu a Turquia, Grécia e Itália

Temperaturas médias globais mais altas levam a eventos climáticos mais extremos, tais como ondas de calor. Isto é acompanhado por condições mais secas, pois a umidade evapora mais rapidamente do solo e dos corpos de água, levando à seca. Como a matéria orgânica das florestas agora também é mais seca, elas pegam fogo e se espalham muito mais facilmente. Ao mesmo tempo, esta evaporação crescente cai como chuva ou neve, e também pode se tornar tempestades. O aumento global da temperatura significa que as calotas de gelo estão derretendo, o que causa elevação do nível do mar e, portanto, inundações. Furacões, tornados, ciclones, tufões e muitos outros desastres naturais são e continuarão a aumentar em intensidade e frequência. 

Os eventos climáticos extremos não são os mesmos que os eventos meteorológicos. De acordo com o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), um evento climático extremo é um evento raro em um determinado lugar e época do ano. Os desastres são definidos como alterações severas no funcionamento normal de uma comunidade ou sociedade devido a eventos físicos perigosos junto a condições sociais vulneráveis. Um ciclone que ocorre principalmente no mar onde nenhum barco está navegando e, portanto, nenhuma pessoa está envolvida ou prejudicada é um evento climático extremo, mas não um desastre. O já mencionado ciclone Tauktae é sem dúvida um desastre natural devido à destruição de 16.000 casas e à morte de 174 pessoas. Você pode tomar medidas digitais usando este toolkit  para exigir justiça contra a crescente quantidade de ciclones no sul da Ásia. Os desastres naturais não têm que ocorrer mesmo que eventos climáticos extremos aconteçam e aqui está o porquê…


Todos nós somos afetados pela crise climática – mas não da mesma forma!

Nossa história mundial de colonização significa que o Sul Global tem sido continuamente explorado para o lucro dos países imperialistas. Isso significa que, diante de um evento climático extremo, os países que menos contribuíram para a crise estão sendo mais afetados porque têm menos riqueza para poderem se adaptar às mudanças climáticas (MAPA = Most Affected People and Areas).

No caso do ciclone Tauktae (o ciclone tropical que afetou áreas na Índia, Maldivas, Paquistão e Sri Lanka), uma pessoa com mais dinheiro pode ter sido capaz de dirigir seu próprio veículo particular, ou pagar para voar para longe da área, pagar por cuidados médicos se ainda se machucar, ficar em um hotel por uma semana, voltar para sua casa um pouco danificada, mas que já foi melhor construída estruturalmente e ligar para sua companhia de seguros, como citou o Dr. Ilan Kelman como exemplo. Elimine todas ou a maioria destas habilidades e isto mostrará como as pessoas mais pobres estão sendo mais afetadas por eventos climáticos extremos e, portanto, pela crise climática; não por causa deste indivíduo, mas por causa do sistema. Juntos devemos dar um basta nas questões interligadas com o racismo, sexismo, capacitismo, desigualdade social, crise climática e muito mais, precisamos lutar por um futuro justo que não deixe ninguém para trás! Junte-se a nós no dia 24 de setembro durante a greve climática #UprootTheSystem (#DescolonizeOSistema).

O último relatório do IPCC confirmou que as mudanças climáticas estão contribuindo para esses eventos climáticos extremos, mas também que ainda podemos limitar nosso aquecimento a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais com uma rápida ação climática.  Precisamos de uma organização coletiva para alcançar a justiça climática interseccional! 

Written by:

  • Merle Bruske (she/her)

    Climate justice activists based in Berlin, Germany.

  • Translated by: Luísa Santi

    Climate and social justice activist from Brazil

  • Translated by: Valentina Ruas (she/her)

    Climate justice activist from Brazil